OS IMPACTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DE UMA SELIC ELEVADA

João Moura

14 de abril de 2024

A taxa básica de juros da economia brasileira é conhecida como Selic. Ela influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. A definição da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.

Os impactos sociais e econômicos de uma Selic elevada podem levar a uma desaceleração econômica, com queda na produção e no emprego, afetando negativamente a renda das famílias.

Uma das medidas mais comuns utilizadas no combate ao aumento da inflação é o aumento das taxas de juros pelo Banco Central. Esse aumento tem como objetivo reduzir o crédito disponível, diminuindo o poder de compra dos consumidores e, consequentemente, controlando os preços e o custo de vida.

Muitas vezes, essas medidas adotadas pelo governo – diante de uma taxa Selic elevada, trazem consigo, impactos sociais e econômicos que, além de tudo a diminuição e/ou o aumento da oferta e da demanda de determinado produto. Na maioria das vezes levando a uma queda na qualidade de vida da população que mais necessita de uma economia com seus motores propulsores girando em modo turbo.

Uma taxa Selic elevada tem uma série de impactos tanto sociais quanto econômicos. Em termos econômicos, uma Selic alta aumenta os custos de empréstimos e financiamentos para empresas e consumidores, desestimulando o investimento e o consumo. Isso pode levar a uma desaceleração econômica, com queda na produção e no emprego, afetando negativamente a renda das famílias.

Socialmente, os efeitos podem ser sentidos de diversas maneiras. Por exemplo, a Selic alta tende a encarecer o crédito, o que pode dificultar o acesso ao financiamento para a compra de bens de consumo duráveis, como carros e imóveis, principalmente para as camadas de renda mais baixas da população. Além disso, o aumento do desemprego resultante de uma economia desacelerada pode gerar tensões sociais, aumentando a desigualdade e a vulnerabilidade social.

Uma taxa Selic elevada também pode influenciar o comportamento dos investidores, incentivando a migração de recursos para investimentos de renda fixa, considerados mais seguros em momentos de incerteza econômica. Isso pode reduzir o fluxo de investimentos em setores produtivos da economia, prejudicando o crescimento de longo prazo e a inovação. E, ainda, uma Selic alta pode agravar os desafios sociais e econômicos enfrentados pelo país, exigindo uma gestão cuidadosa da política monetária para mitigar seus impactos negativos.

Para lidar com uma taxa Selic elevada na economia brasileira, diversas medidas podem ser consideradas:

Política Monetária: O Banco Central pode adotar uma política de redução da taxa Selic gradual e cuidadosamente planejada. Isso pode ser feito por meio de cortes graduais na taxa de juros básica, com o objetivo de estimular o investimento e o consumo, incentivando a atividade econômica.

Política Fiscal: O governo pode implementar políticas fiscais expansionistas, aumentando os gastos públicos em investimentos em infraestrutura, programas sociais e outros projetos que estimulem a atividade econômica. Isso pode ajudar a compensar os efeitos negativos da taxa de juros alta na demanda agregada.

Reformas Estruturais: Reformas estruturais para aumentar a eficiência e a competitividade da economia brasileira também podem ajudar a reduzir a dependência das taxas de juros para estimular o crescimento econômico. Isso inclui reformas tributárias, trabalhistas e do mercado financeiro que melhorem o ambiente de negócios e incentivem o investimento privado.

Política Cambial: Uma política cambial adequada pode ajudar a mitigar os efeitos da taxa Selic elevada sobre a economia brasileira. Isso pode envolver intervenções do Banco Central no mercado de câmbio para controlar a valorização excessiva da moeda nacional, o que pode prejudicar a competitividade das exportações e a atividade econômica.

Uma combinação de políticas monetárias, fiscais, estruturais e cambiais é necessária para lidar efetivamente com uma taxa Selic elevada e seus impactos na economia brasileira, estimulando o crescimento econômico sustentável e a estabilidade financeira. É o mínimo que se espera do governo e de sua equipe econômica, principalmente dos integrantes do Banco Central do Brasil.