João Moura
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de 81 anos, desistiu da sua campanha de reeleição no domingo (21), depois de uma crescente desconfiança sobre a sua acuidade mental ele cedeu à pressão. O que acontece daqui para frente?!
Em comunicado via redes sociais, Biden disse que permanecerá em seu papel como presidente e comandante-chefe até o final de seu mandato em janeiro de 2025 e se dirigirá à nação para confirmar e esclarecer sua decisão de não mais concorrer à reeleição à Casa Branca.
Biden também anunciou apoio à candidatura da vice-presidente, Kamala Harris, como cabeça da chapa pelo partido Democrata.
O cenário político dos Estados Unidos tem sido marcado por uma polarização crescente, particularmente evidente desde as eleições presidenciais de 2020 entre Joe Biden e Donald Trump. Esta divisão não só persiste até hoje, como parece estar se aprofundando, influenciando a forma como os americanos percebem a política, a sociedade e o futuro do país. É importante que analisemos criticamente essa polarização, suas raízes, implicações e possíveis caminhos para o futuro do povo americano.
A polarização política nos EUA não é um fenômeno novo, mas a intensidade com que se manifestou nas eleições de 2020 foi sem precedentes. A campanha de Donald Trump foi marcada por um estilo combativo e populista, que mobilizou uma base de apoio fiel, mas também gerou profunda animosidade entre seus opositores. Trump apostou em uma retórica nacionalista, de “América Primeiro”, e em uma comunicação direta e muitas vezes polarizadora via redes sociais. Sua administração foi marcada por controvérsias, desde a gestão da pandemia de COVID-19 até as relações internacionais e questões raciais.
Joe Biden, por outro lado, apresentou-se como o candidato da unidade e da moderação. Sua campanha focou na promessa de restaurar a “alma da América”, buscando apaziguar as divisões e retomar um estilo mais tradicional de governança. No entanto, a vitória de Biden – em 2020 -, longe de pacificar o cenário, expôs ainda mais as fissuras existentes. A recusa de Trump em aceitar os resultados das eleições e os eventos do 6 de janeiro de 2021, com a invasão do Capitólio, sublinharam a profundidade da crise democrática que os EUA enfrentam.
A polarização tem raízes profundas. Fatores econômicos, culturais e midiáticos desempenham papéis cruciais. A desigualdade econômica crescente e a percepção de perda de status entre determinados grupos sociais alimentam ressentimentos. Culturalmente, questões como direitos civis, imigração e identidade de gênero tornaram-se pontos de contenda. Na mídia, a fragmentação e a proliferação de canais de notícias partidários e redes sociais criaram ecossistemas informativos paralelos, onde verdades alternativas prosperam.
A continuidade e o aprofundamento da polarização no cenário político dos EUA representam um desafio significativo para a democracia americana. A figura de Donald Trump, mesmo fora da Casa Branca, continuou a influenciar a política nacional, enquanto Joe Biden lutou para implementar sua agenda em um ambiente altamente dividido. O futuro é incerto, mas uma coisa é clara: para superar a polarização, será necessário um esforço concertado de líderes políticos, mídia e sociedade civil para promover o diálogo e a reconciliação.
Mesmo que a presidência dos EUA, tendo Joe Biden como condutor desde 2020, e tenha sido marcada por conquistas significativas e desafios notáveis, ele enfrentou uma pressão crescente dentro de seu próprio partido, o Democratas, para que saisse da disputa devido a sua capacidade cognitiva ter sido posta em prova para disputar as eleições (e governar). Porém, sem um compromisso sério com a inclusão social e o respeito às instituições democráticas, a polarização continuará a minar a estabilidade e a coesão dos Estados Unidos. O caminho para a frente não será fácil, mas é imperativo que se busquem soluções que transcendam a retórica divisiva e fomentem um senso renovado de propósito comum. A composição e dinâmica do círculo íntimo de Kamala Harris desempenhará um papel crucial em seu atual dilema de concorrer à presidência do EUA. O Partido Democrata, parece não saber lidar muito bem com a difícil decisão de apoiar seu presidente ou pressionar por um novo candidato.
Em sua fala aos seus colegas Democratas, Joe Biden disse: “decidi não aceitar a nomeação para concorrer a reeleição e concentrar todas as minhas energias nas minhas funções como Presidente durante o resto do meu mandato. Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso?!”
Em tempo: até a publicação dessa análise, Kamala Harris já tinha ganho o apoio de mais de 2000 delegados democratas em corrida contra Trump. O nome de Kamala Harris vem ganhando força em um cenário de embate contra o ex-presidente Donald Trump e ela deve ser confirmada em agosto como candidata dos democratas, durante a convenção do partido. Vamos acompanhando e observando o cenário até o desfecho final.