João Moura
Uma reflexão sobre produzir o tipo de trabalhadores do conhecimento que os empregadores dizem precisar.
Um alerta! Cuidado para não criar casca em subempregos. Depois de formado, muitos trabalhadores podem ficar presos em empregos informais ou mal remunerados devido à falta de habilidades específicas, mesmo com diplomas de cursos superiores.
Você já sentiu que o seu diploma era só “um pedaço de papel”?
Se sim – você tem essa percepção; saiba que você está como mais da metade dos formados dos Estados Unidos, que ocupam cargos que não utilizam seus diplomas. Lá pelos states, aproximadamente metade dos diplomados universitários acabam em empregos onde os seus diplomas não são necessários, e esse subemprego tem implicações duradouras nos rendimentos e planos de carreira dos trabalhadores. Os estágios também são críticos. Um ano depois, 52% dos estudantes estavam em empregos que não dependiam de seus cursos;10 anos depois: 45% continuavam nessa situação.
É igual pra todo mundo? Segundo o estudo, o curso que a pessoa decide fazer é o fator principal para determinar suas chances de seguir em uma carreira de nível universitário ou não. É o que está de acordo com pesquisadores da empresa de análise trabalhista Burning Glass Institute e da organização sem fins lucrativos Strada Education Foundation (EUA), que analisaram os currículos de trabalhadores que se formaram entre 2012 e 2021 pelas bandas da terra do Tio Sam.
Cinco anos depois de receberem o canudo, 75% de quem se formou em uma profissão de saúde, engenharia ou finanças estavam trabalhando em empregos que exigiam seus diplomas.
Mas, esse número cai para 40% quando falamos de segurança pública, ciências humanas e áreas ligadas a gestão, marketing e RH. Diferença considerável. Em todos os programas de graduação, a taxa de subemprego dos formados que nunca estagiaram foi 15%-20% maior do que estagiaram.
E o subemprego no Brasil!?!
No Brasil, o subemprego é influenciado por diversos fatores econômicos, sociais e estruturais. Uma parcela significativa da força de trabalho no Brasil atua no setor informal – muitos com diplomas de cursos superiores e até especializações -, onde não há garantias trabalhistas, benefícios sociais ou salários adequados. Isso contribui para o subemprego, pois muitos trabalhadores estão em empregos precários. Em alguns setores, a demanda por trabalho pode ser insuficiente para absorver a mão de obra disponível. Isso pode levar as pessoas a aceitar empregos com condições precárias.
Algumas das principais razões para se sentir com a sensação ruim de estar com um diploma nas mãos e não conseguir decolar na profissão escolhida, incluem: Crescimento Econômico Lento; Desigualdade Social; redução de salários e aumento da informalidade.
A desigualdade de renda no Brasil é alta, o que significa que muitas pessoas têm acesso limitado a oportunidades educacionais e profissionais. A falta de acesso a recursos pode contribuir para o subemprego. E, também, a falta de educação e qualificação profissional adequadas pode levar à limitação das opções de emprego.
A abordagem para reduzir o subemprego no Brasil envolve uma combinação de políticas públicas, investimentos em educação e qualificação profissional, reformas trabalhistas e estímulos ao crescimento econômico, visando criar um ambiente mais propício para a geração de empregos formais e bem remunerados.
Lembrando sempre que, investir em educação de qualidade e capacitação profissional, faz toda a diferença para uma geração de crianças, jovens e adultos.
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*João Moura é professor e filósofo, observador da anatomia de governos e sociedades.